BELCHIOR – ÍCONE DA MÚSICA BRASILEIRA

Um dos maiores ícones da MPB na década de 70, Belchior era considerado um gênio da música, capaz de transformar até a dor em um gesto elegante. Poeta, que teve poder transformador, sobretudo na música brasileira e sobre a vida de tantos brasileiros, inspirando muita gente a sonhar, viver e lutar. Por isso, hoje prestamos nossas homenagens a Belchior, grande poeta, compositor e músico brasileiro.

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral no ano de 1946, Ceará, onde estudou piano e música coral na infância. Em 1962, mudou-se para Fortaleza e estudou Filosofia e Humanidades. Chegou também a cursar medicina, mas abandonou o curso em meados de 1971 para se dedicar a música.

 

Belchior

Dos festivais ao primeiro disco, em um tempo que ainda havia tempo para reflexões, com uma charmosa provocação o cantor de voz anasalada e poética cortante se apresentou ao país em meados da década de 70, tornando-se um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso nacional.

Com letras contestatórias, melancólicas, irônicas, marcantes, às vezes insondáveis, mas acima de tudo instigantes, Belchior expressava sobre a ideia de liberdade, juventude que sonha, que tem muita energia e luta por dias melhores. Além do grande poeta que era, usava a sua letra para lutar por um mundo melhor. E viver um mundo melhor.

Compôs trilhas sonoras para filmes e músicas de grande sucesso como “Medo de Avião”, “Velha Roupa Colorida” e “Apenas Um Rapaz Latino-Americano” alavancou sua carreira nos anos 70, com discos próprios e gravações de intérpretes como Elis Regina, que transformou “Como Nosso Pais”, composta pelo cearense, em hino de uma época.

 

Em 1974, lançou o disco, “A Palo Seco”, cuja música título se tornou sucesso nacional e ganhou versões ao longo da história, como a de Oswaldo Montenegro e da banda Los Hermanos.

Em 1976 gravou o disco Alucinação, que o consolidou no cenário musical nacional, ao lado de outros músicos conhecidos como “Pessoal do Ceará”.  Jorge Melo foi um dos primeiros a emigrar. Ednardo e Fagner foram depois. O Ceará invadia, mas logo começaram as dificuldades da luta contra os rótulos. Depois dos baianos, a tendência era classificar a partir da procedência. E foi difícil convencer que não se tratava de um grupo cearense, mas de pessoas que embora tendo nascido no mesmo lugar, e apesar das dificuldades e afinidades, seguiam caminhos diferentes e tinham recados diversos a dar.

 

 

Em 1982, o cantor lançou “Paraíso”, que tem participações dos artistas Guilherme Arantes, Ednardo Nunes, Jorge Mautner e Arnaldo Antunes. Fundou sua própria gravadora e produtora, a Paraíso Discos, em 1983. Ao longo da carreira, Belchior teve mais de 20 discos lançados.

Vários artistas regravaram sucessos de Belchior, entre eles Roberto Carlos (“Mucuripe”) e Erasmo Carlos (“Paralelas”), Engenheiros do Hawaii (“Alucinação”), Wanderléa (“Paralelas”) e Jair Rodrigues (“Galos, Noites e Quintais”).

 

Belchior

Como ele, sua obra era densa, genial com um quê de incompletude, porém de uma grandeza que poucos artistas atingiram no Brasil. Um filósofo poetando como muito raramente vai se achar na língua portuguesa, interpretando o Ceará, os brasileiros, os jovens. É imortal.

Belchior faleceu no dia 29/04/2017, na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Sul. O que dele fica é, sobretudo, poesia. Uma obra rica e sensível, que teve poder transformador sobre a música brasileira e mais do que isso, sobre a vida de tantos brasileiros. E que delicadamente apaga o quê de incompletude que o marcou.

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