Aprenda a Tocar “Ouro de Tolo”

Raul Seixas é um dos maiores nomes do Rock Nacional de todos os tempos. O músico foi uma mistura de Elvis Presley e Bob Dylan, como ele mesmo dizia em uma de suas músicas “Já passei por Elvis Presley, imitei Mr. Bob Dylan…”, com ótimas músicas e grandes questionamentos.

E em uma época em que ser questionador não abria tantas portas quanto ser “brega”, Raul marcou seu nome na história e deixou muitos fãs pelo país até os dias de hoje.

Com uma vasta obra e muitas pessoas em shows pelo Brasil gritando “toca Raul“, o músico é realmente um dos maiores nomes do Rock brasileiro. Mas sabia que nem sempre foi assim?

No início, Raul não emplacou como esperava e acabou demorando um pouco para atingir o sucesso. A música que ajudou a mudar sua história foi Ouro de Tolo, muito importante em sua obra. Portanto, aprenda a tocar esse clássico do rock brasileiro e saiba mais sobre a história de Ouro de Tolo e Raul Seixas. Confira!

Aprenda a Tocar “Ouro de Tolo” 

 

Existe uma técnica que ajuda a aprender violão online, independente do estilo. Esta técnica está ligada a leitura de cifras e para facilitar os seus estudos com esta canção nós reservamos um vídeo que servirá como uma luva para você treinar agora mesmo. Pegue seu violão veja abaixo o vídeo de música cifrada.

Outra ferramenta para treinar músicas que te ajudará a evoluir de forma exponencial é a BackingTrack. Nós criamos um vídeo da backingtrack cifrada especialmente para você tocar e cantar junto. Pegue seu instrumento e vamos treinar com esta backingtrack cifrada para estudar violão.

Letra Ouro de Tolo – Raul Seixas

Eu devia estar contente

Porque eu tenho um emprego

Sou o dito cidadão respeitável

E ganho quatro mil cruzeiros por mês

 

Eu devia agradecer ao Senhor

Por ter tido sucesso na vida como artista

Eu devia estar feliz

Porque consegui comprar um Corcel 73

 

Eu devia estar alegre e satisfeito

Por morar em Ipanema

Depois de ter passado fome por dois anos

Aqui na Cidade Maravilhosa

 

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso

Por ter finalmente vencido na vida

Mas eu acho isso uma grande piada

E um tanto quanto perigosa

 

Eu devia estar contente

Por ter conseguido tudo o que eu quis

Mas confesso, abestalhado

Que eu estou decepcionado

 

Porque foi tão fácil conseguir

E agora eu me pergunto: E daí?

Eu tenho uma porção

De coisas grandes pra conquistar

E eu não posso ficar aí parado

 

Eu devia estar feliz pelo Senhor

Ter me concedido o domingo

Pra ir com a família no Jardim Zoológico

Dar pipoca aos macacos

 

Ah! Mas que sujeito chato sou eu

Que não acha nada engraçado

Macaco, praia, carro, jornal, tobogã

Eu acho tudo isso um saco

 

É você olhar no espelho

Se sentir um grandessíssimo idiota

Saber que é humano, ridículo, limitado

Que só usa 10% de sua cabeça animal

 

E você ainda acredita

Que é um doutor, padre ou policial

Que está contribuindo com sua parte

Para o nosso belo quadro social

 

Eu é que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada, cheia de dentes

Esperando a morte chegar

 

Porque longe das cercas embandeiradas

Que separam quintais

No cume calmo do meu olho que vê

Assenta a sombra sonora dum disco voador

 

Ah! Eu é que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada, cheia de dentes

Esperando a morte chegar

 

Porque longe das cercas embandeiradas

Que separam quintais

No cume calmo do meu olho que vê

Assenta a sombra sonora dum disco voador

A História da Canção Ouro de Tolo 

A música Ouro de Tolo foi composta pelo próprio Maluco Beleza em um dos momentos mais complicados e violentos da ditadura militar brasileira.

Por conta da letra repleta de críticas sociais e econômicas, alguns críticos até se surpreendem pelo fato da canção não ter sido barrada pela censura.

Na época, a parceria com o escritor Paulo Coelho já estava firme, e o autor sugeriu que Raul lançasse a música na Avenida Rio Branco, centro do Rio de Janeiro. Era uma tremenda estratégia de marketing e toda a imprensa foi convidada para participar do grande evento.

Então, no dia 7 de junho de 1973, Raul Seixas apareceu munido do seu violão cantando Ouro de Tolo e a cena foi exibida até pelo Jornal Nacional, atingindo o povo brasileiro no horário nobre da televisão.

A mensagem tinha sido passada.

O sonho do brasileiro na década de 70 era poder comprar televisão e carro. Aí, o ousado e gênio controverso, Raul Seixas, vai lá e critica tudo isso criando uma letra cheia de sarcasmo, em Ouro de Tolo. Afinal, a canção era uma bofetada no conformismo nacional diante das vantagens ilusórias oferecidas pela ditadura.

Raulzito se inspirou no costume dos falsos alquimistas que, na idade média, prometiam transformar chumbo em ouro, porém a linguagem da alquimia era, na verdade, metafórica ou simbólica, referindo-se à transformação espiritual do homem de um estado “pesado”, o chumbo, para outro de elevação, o ouro.

Daí vem o nome da música, que faz parte do álbum Krig-ha, Bandolo!, lançado em 1973. Nesse ano, Raul Seixas decidiu “atacar” o cenário social-político brasileiro daquela década, que se encontrava sob o domínio da Ditadura Militar.

Assim, transpondo a ideia para a década de 1970, Raul Seixas reduz a nada as aspirações da classe média que apoiou o milagre econômico da ditadura: a euforia regada pela estabilidade social do cidadão respeitável e por uma visão religiosa conformista era simplesmente um “ouro de tolo”.

E que o verdadeiro ouro estava no despertar da consciência individual, visando à construção da Sociedade Alternativa (cujo principal objetivo era romper com os padrões políticos e sociais impostos naquela época, sendo assim, um movimento de “contracultura), e não no discurso ufanista e triunfalista da ditadura militar da época, junto com seu suposto milagre econômico. Logo, o disco voador ao final da letra seria uma referência a essa nova sociedade a ser construída.

É incrível como Raul captou um conceito abordado na Era das Trevas para encaixar perfeitamente às “trevas” que o Brasil enfrentava, posições políticas a parte.

A música virou sucesso instantâneo, principalmente entre os jovens que aspiravam atacar o velho conformismo.

Mas, é claro que a polêmica da canção atingiu Raul Seixas em cheio. Em 1974, o músico foi preso, fichado e torturado pela Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS).

Principalmente porque ele e Paulo Coelho criam a Sociedade Alternativa, uma sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley. A Sociedade Alternativa, com sede alugada, papel timbrado e relatórios mensais, chegou a anunciar a aquisição de um terreno em Minas Gerais, para a construção da Cidade das Estrelas, uma comunidade onde a única lei era: “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei.

A obsessão de Raul Seixas e Paulo Coelho em construir “uma verdadeira sociedade alternativa”, evidentemente, trouxe problemas com a Censura. Logo no show de lançamento, a polícia apreendeu o gibi/manifesto “A Fundação de Krig-Ha” e o queimou como material subversivo.

A Ditadura, então, através do DOPS prendeu Raul e Paulo, pensando que a Sociedade Alternativa fosse um movimento armado contra o governo. Depois de torturados, Raul e Paulo foram exilados para os Estados Unidos, com suas respectivas esposas.

Mas, o sonho de ver uma Sociedade Alternativa se erguer a partir da concepção do “Ouro de Tolo” jamais havia acabado.

Listada pela revista Rolling Stone Brasil como a cação de número 16 das 100 mais importantes da música brasileira, “Ouro de Tolo” foi o primeiro grande sucesso do nosso Maluco Beleza e, sem dúvida, um de seus mais primorosos trabalhos que nos ensinou que somos humanos, ridículos, limitados e que só usamos 10% de nossa cabeça animal, mas também que temos coisas grandes para conquistar e não podemos ficar parados.

Raul Seixas 

Raul Seixas foi um cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Nasceu em Salvador em 1945 e morreu em São Paulo 1989, vítima de uma parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante.

É chamado de Pai do Rock Brasileiro e Maluco Beleza. Sua obra musical é composta por dezessete discos lançados durante 26 anos de carreira. Seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros.

Raul Seixas tinha um estilo musical que era chamado de “contestador e místico”. Isso se deve aos ideais que defendia, como a Sociedade Alternativa apresentada no álbum Gita, lançado em 1974, influenciado por figuras como o ocultista britânico Aleister Crowley.

Cético e agnóstico, Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim. Algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso. Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida.

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