Atire a primeira pétala quem nunca cantarolou os versos “te amo (é primavera) / trago esta rosa (para te dar) ”. Não tem um que não cantarole essa antiga canção que revolucionou a paradas de sucesso nos anos 70! Então, nada mais justo que aprender a tocar esse clássico da MPB e até mostrar para os jovens essa música que marcou gerações. Portanto, não deixe de aprender a tocar a inesquecível canção de Tim Maia – “Primavera” e conhecer mais sobre esse cantor que marcou época no Brasil e o gênero musical Soul! Confira!
Ninguém discute a relevância de um artista como Tim Maia para a música brasileira. Dono de voz inigualável e um talento inquestionável, Tim Maia era daqueles intérpretes tão expressivos que ao cantar uma música tornava-a sua. Por isso não é estranho repetir que “Primavera (Vai Chuva) ”, um soul, esteja indiscutivelmente ligada à sua imagem, ou melhor, à sua voz poderosa.
A canção foi associada a Tim Maia por ser a oitava das doze canções de seu primeiro álbum, lançado em 1970, que por sinal resiste bem ao tempo. A música, contudo, não é de Tim, mas de Cassiano (um dos precursores da Soul Music no Brasil e considerado fundador da moderna música negra brasileira) e Silvio Rochael.
Aprenda a Tocar Primavera
Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Eu quero estar junto a ti
Porque (é primavera)
Te amo (é primavera)
Te amo, meu amor
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Meu amor
Hoje o céu está tão lindo (vai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (vai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (vai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (vai chuva)
Desde 1969, o sucesso já vinha rondando Sebastião Rodrigues Maia. No segundo semestre daquele ano, Tim Maia gravou um compacto que trazia “Jurema” (música de autoria do artista) no lado A e a balada “Primavera (Vai chuva) ”, de Cassiano e Silvio Roachel, no lado B.
Em dezembro, Roberto Carlos lançou um álbum em que apresentou na abertura do lado B, o funk “Não vou ficar”, composição de autoria de Tim, o amigo com quem o então Rei da Juventude convivera no bairro carioca da Tijuca nos tempos de dureza.
Mas foi em 1970, há 51 anos, que Tim Maia emergiu de vez e fez o Brasil dançar ao som de uma liga sonora única, do soul e do funk, ritmos norte-americanos que o cantor e compositor carioca soube misturar com levadas nacionais e um tempero original.
Logo no início de 1970, a gravadora Philips decidiu lançar o compacto que Tim gravara em 1969. Primavera, e não Jurema, estourou e abriu caminho para gravação e edição do primeiro álbum do artista, o antológico Tim Maia, que rendeu alguns dos maiores sucessos do ano e músicas que ficariam gravadas até hoje como: Azul da Cor do Mar, composta por Tim em momento de solidão e melancolia, Eu Amo Você e Primavera, baladas de peso, encharcada da alma do soul, escritas por Cassiano e Silvio Rochael, e Coroné Antônio Bento, de João do Vale e Luiz Wanderley, canção que animava a festa ao misturar soul com baião, erguendo ponte entre os Estados Unidos e o nordeste do Brasil, antecipando em dois anos a fusão (de tom mais roqueiro) feita por Raul Seixas (1945 – 1989).
Tim amplificou todas essas músicas e as eternizou no cancioneiro nacional. Porque Tim Maia é desses cantores que podem ser reconhecidos aos cinco segundos de uma canção, seja pelo cuidado e preciosismo que ele tinha com arranjos e instrumentos, como pelo vozeirão grave de baixo-barítono, na melhor tradição dos grandes mestres da canção negra americana.
Outros sucessos vieram. Mas a base foi plantada há 51 anos com o estouro de Primavera e a consequente edição desse álbum histórico lançado em 1970 e intitulado tão somente Tim Maia.
O LP foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o 25º melhor disco brasileiro de todos os tempos. Na época do lançamento, o crítico Carlos Vergueiro parabenizou Tim Maia pela interpretação de “Primavera” e considerou esta e outras nove faixas como as melhores do ano de 1970.
Indomado, Tim Maia logo virou uma lenda. Um artista cujo temperamento agitado rendeu histórias que entraram para o folclore da música brasileira e, de certa forma, se tornaram maiores do que a obra de Tim. Mas a obra está aí e (parte dela) resiste muito bem ao tempo.
São 30 álbuns, vários compactos e uma enorme procissão de sucessos, numa rara unanimidade de público e crítica.
Gênero Soul
O canto que vem da alma, o clamor que transmite uma emoção indescritível. Assim é a soul music, gênero musical que teve início no final da década de 50 e inícios dos anos 60, quando o estilo ganhou força.
A expressão Soul em inglês significa Alma! E isso nos permite compreender um pouco sobre o que é este gênero poderoso que teve sua origem na necessidade de expressão do povo negro de ser ouvido e falar ao mundo sobre as questões sociais e políticas, sendo comumente usado por músicos para demonstrar a sensação de ser negro nos Estados Unidos.
Considera-se que o gênero surgiu da mistura da música gospel, tocada nas igrejas protestantes americanas, com o rhythm and blues (R&B).
A cultura africana tem uma ligação muito forte com a música e, naquele período, a luta contra o racismo e os diversos movimentos sociais se intensificaram como uma espécie de revolução dos jovens. Por conta disso, a soul music ficou conhecida como a principal identidade do povo negro.
Logo, o orgulho negro é uma das características do Soul, através de uma música que vem da alma. Essa expressão foi incentivada na época pelo Movimento dos Direitos Civis, que trouxe algumas conquistas para a população negra dos Estados Unidos e contribuiu para que muitos artistas afro-americanos se tornassem mais conscientes de seu papel político na sociedade, como por exemplo Ray Charles, considerado o primeiro artista do Soul, ajudando a definir e impulsionar a soul music, tornando-a mais conhecida, ainda James Brown, Aretha Franklin, Stevie Wonder e muitos mais.
Assim, das misturas de ritmos e de culturas, a soul music se destacou com letras que falavam de questões sociais e de amor, sempre com muito groove e energia. O gênero se tornou a válvula de escape para gritar os ideais dos jovens e suas ambições por direitos e respeito ao orgulho negro.
E apesar de sua origem religiosa, o gênero é marcado, dentre outras coisas, por apresentar um ritmo bastante sensual, tanto na interpretação como no modo de ser dançado, bem como pelo grande trabalho de voz dos cantores e por suas interpretações emotivas e intensas.
Diversos outros estilos musicais têm influência do soul, entre eles o rock, o funk e o hip-hop. A música soul geralmente é executada por cantores individuais acompanhados de uma banda composta de uma forte seção rítmica e de metais.
No Brasil, na década de 60, haviam cantores como o Jorge Bem e Wilson Simonal que acrescentaram traços do balanço do soul em suas composições. No entanto, nada era sólido e tão bem estruturado. Foi assim que, em 1963, Tim Maia, ao retornar para o Brasil após mudar-se para os Estados Unidos aos 17 anos para estudar cinema, trouxe o novo estilo que aprendeu durante o tempo que passou no país para suas canções, tornando-se o responsável pela introdução da música soul no Brasil, e o principal compositor e intérprete do gênero.
Em 1969, Tim Maia foi convidado a gravar seu primeiro disco solo com a batida da música norte americana, permitindo que o gênero passasse a ser conhecido no país e conquistasse outros nomes da música brasileira.
Mais do que um gênero musical de extrema importância para a história da música, o soul demonstra a identidade de um povo e o orgulho em ser negro, proporcionando uma movimentação mais ampla de suas culturas e danças, permitindo uma nova melodia a música estadunidense, sendo transmitida ao resto do mundo, oferecendo amplitude da história negra.
Um estilo que agradou outros músicos e que, hoje, faz parte da vida de muitos.
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