Como Tocar Chico Mineiro

A dupla Tonico e Tinoco, considerada a maior da história da música sertaneja, ficou conhecida nos anos 40, através do primeiro sucesso da dupla, Chico Mineiro. Portanto, não deixe de conhecer sobre a história desses dois irmãos que deixaram um importante legado para a cultura brasileira, a lenda e a origem da música Chico Mineiro, além, é claro, de aprender a tocá-la no violão. Confira!

Aprenda a Tocar Chico Mineiro

 

 

Apesar das músicas sobre amor, traição e saudade da roça sejam as prediletas dos sertanejos, as canções trágicas também têm o seu lugar, principalmente para as duplas caipiras mais tradicionais. E Chico Mineiro, faz parte dessa lista de modas sinistras. Confira abaixo a história da música.

 

A Lenda e Como Surgiu a Música Chico Mineiro

 

Diversas são as lendas sobre Chico Mineiro, também conhecido como Chico Goiano ou Chico Paulista.

 

“Na história, dois boiadeiros viajam pelo país comercializando gado até que, numa festa do Divino, o Chico Mineiro morre baleado. A tragédia ganha ainda mais peso quando o companheiro descobre que Chico era seu irmão.”

 

A lenda conta a história de dois irmãos, Chico que saiu pelo mundo e virou peão e Zé Mendes que se tornou dono de tropa. O destino quis que os dois se encontrassem e por muitos anos trabalharam juntos.

Chico, que era o mais velho, sabia que era irmão de Zé Mendes e sempre procurava defendê-lo. Mas somente com a morte do Chico é que se soube do parentesco entre eles e Zé Mendes soube que Chico era seu irmão.

Há relatos também em um livro no museu da História de Niquelândia, que conta que Chico Mineiro era um comprador de gado, boiadeiro e bom violeiro, e às vezes, trapaceiro também. Nascido na região de Patos de Minas, entre os anos de 1921 e 1922, Chico matou 3 pessoas na região e fugiu para o sertão de Goiás.

Na época, tinha muitos garimpos em uma região bem distante e pouco conhecida, hoje município de Niquelândia, estado de Goiás. Também em Goiás, nas redondezas de Uruaçu, havia uma região conhecida como Ouro Fino, por ser um local muito explorado por garimpos de ouro. Chico mudou-se para essa região junto com sua esposa e filhos.

Lá eram realizadas festas regionais folclóricas da época e em uma dessas festas chegaram dois peões a procura de serviço que ficaram por lá alguns dias. Após algum tempo eles voltaram e na Festa do Divino, que acontecia na região, eles se aproximaram de Chico Mineiro e o mataram a tiro.

Também são diversas as especulações sobre a origem da música sobre essa lenda.

Acredita-se que a música Chico Mineiro foi escrita devido à soma de dois fatores: Primeiro, pela lenda contada pelo pai de Tonico na sua infância. Segundo, pela pergunta feita pelo porteiro da Rádio Tupi, anos depois, nos anos 1940, quando Tonico, no início da carreia, foi fazer uma apresentação na rádio e o porteiro o perguntou se conhecia a história do Chico Mineiro, quando passava pela portaria.

Entretanto, conta-se também que o porteiro apresentou a história do Chico Mineiro para Tonico, na portaria da Rádio Tupi, em forma de poesia, composta por 25 versos. E enquanto a poesia era lida, Tonico se lembrava das histórias que seu pai contava e que também já havia ouvido em muitos lugares sobre o Chico Mineiro, Chico Paulista ou Chico Goiano; a cada região em que se contava a lenda mudava-se o nome, mas sempre era a mesma história.

A música foi registrada como de autoria de Tonico e Francisco Ribeiro. Mas quem era Francisco Ribeiro? Bem, ele era, justamente, o porteiro que havia feito à pergunta inspiradora a Tonico. Alguns dizem que como agradecimento, Tonico lhe deu a parceria da música, outros que Francisco conseguiu judicialmente os direitos autorais.

 

Tonico e Tinoco

 

João Salvador Perez, o “Tonico”, nascido em São Manuel-SP, em 1917, e José Perez, o “Tinoco” nascido em Botucatu – SP, em 1920, são filhos de Salvador Perez – um espanhol de Léon, na Astúrias espanhola, chegado ao Brasil criança, em 1892 e Maria do Carmo, uma brasileira descendente de negros com bugres.

Os dois irmãos aprenderam a cantar modas de viola desde muito cedo e ouviam discos da série caipira de Cornélio Pires, nos anos 1930, época que a família Perez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu.

Mas o gosto pela cantoria veio mesmo dos avós maternos Olegário e Izabel, que alegravam a colônia com suas canções, ao som de uma antiga sanfona. A primeira música que aprenderam foi Tristeza do Jeca em 1925.

Já em 1935 fizeram a primeira apresentação profissional. Cantaram na Festa da Aparecidinha/São Manuel, em uma quermesse e junto com o primo Miguel, formaram o “Trio da Roça”.

Tonico e Tinoco participavam das serenatas, alegravam festas e bailes de São João. Na época, os rapazes trabalhavam o ano inteiro para fazer bonito nos bailes, junto às caboclinhas e a esperança tanto dos moços quanto das moças era arrumar um namoro. E em um desses bailes, Tonico se apaixonou por Zula, filha do administrador da fazenda, Antônio Vani, porém o pai proibiu o namoro e magoado, Tonico compôs Cabocla.

Com o país em crise com as revoluções de 1930 e 1932, e com o fim do ano agrícola em 1937, a família Pérez decide, assim como outras famílias, tentar a vida na cidade de Sorocaba (SP). Porém, a crise econômica do país chega ao auge: Getúlio Vargas implanta a ditadura do estado Novo. Adolf Hitler invade e ocupa a Tchecoslováquia e depois a Polônia. Começa a Segunda Guerra Mundial.

Sem nada dar certo e com a vida insuportável em Sorocaba, a família Pérez decide retornar ao campo. E essa volta possibilitou aos irmãos a primeira chance de cantar em uma rádio, o Rádio Clube de São Manoel.

Dessa forma, eles ficaram trabalhando na roça durante a semana e aos domingos cantavam na emissora da cidade, até o final de 1940, sem ganhar nada por isso. Mas as dificuldades levaram a família a uma derradeira migração e em 1941 chegaram à cidade de São Paulo.

Por volta dos anos 1950 inscreveram-se no programa de calouros comandado por Chico Carretel (Durvalino Peluzo), na Rádio Emissora de Piratininga.  Os dois irmãos, formando a dupla “Irmãos Perez”, cantaram “Tudo tem no sertão” (Tonico). Classificados para a final, interpretaram de Raul Torres e Cornélio Pires, “Adeus Campina da Serra”. Quando terminaram, o auditório aplaudiu de pé, em meio a lágrimas. Todos pediam bis àquela dupla que cantava diferente, com afinação, fino e alto. No dia seguinte o Trio da Roça estava contratado pela Rádio Difusora, que naquele período havia sido comprada pela Tupi.

Um dia, durante um ensaio do programa Arraial da Curva Torta, o Capitão, apresentador do programa e também lendário divulgador da música sertaneja – disse que uma dupla tão original, com vozes gêmeas, não poderia ter nome espanhol e os Batizou de Tonico e Tinoco.

A divulgação nos programas da rádio transformou a dupla em sucesso imediato, fazendo surgir dezenas de convites para shows. A dupla estreou em disco, na Continental, em 1944, com o cateretê “Em vez de me agradecê” que foi lançada em 07/1945. A gravação foi tão bem-sucedida que gravaram seu primeiro disco completo com a moda de viola “Sertão do Laranjinha” e “Percorrendo o meu Brasil” que foi sucesso imediato.

No ano seguinte (1946) o sucesso definitivamente chegou com “Chico Mineiro” e a dupla se consagrou definitivamente, tornando-se a dupla sertaneja mais famosa do Brasil.

 

 

 

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